Nazete Araújo – Fisioterapeuta

Sexo, autoestima e saúde da mulher estão intimamente ligados

Sexo, autoestima e saúde da mulher estão intimamente ligados. Especialista fala sobre os benefícios de ter uma vida sexual ativa e satisfatória

Por fatores físicos ou emocionais, a verdade nua e crua é que sexo, desejo e prazer nem sempre andam juntos — especialmente entre as mulheres. De acordo com uma pesquisa realizada este ano pela Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, oito em cada dez integrantes da ala feminina fingem excitação na hora agá. E nem pense que essa é uma realidade distante das brasileiras, viu?

E que fique claro: os motivos e as consequências dessa encenação vão bem além das quatro paredes. Eles atingem em cheio a saúde. Convidamos a psiquiatra Carmita Abdo*, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, para falar sobre o assunto:

Por que a maioria das mulheres tem uma relação diferente com o sexo e com o próprio corpo em comparação aos homens?

A produção hormonal da mulher passa por vários altos e baixos ao longo da vida. Falando especificamente do estrógeno, hormônio sexual feminino, seu nível tende a cair alguns dias antes da menstruação, na gravidez, no pós-parto, no climatério [transição entre a fase reprodutiva e não-reprodutiva feminina] e na menopausa. Aí, há perda de sensibilidade e libido. Isso sem mencionar a criação conservadora das meninas e algumas convenções sociais que, passadas de geração para geração, podem inclusive causar alterações que predispõem uma relação mais distante com o sexo na vida adulta.

Problemas de saúde podem contribuir para a insatisfação sexual?

Sim. Em casos de cardiopatias, por exemplo, a dificuldade no fluxo sanguíneo pode diminuir a lubrificação vaginal, gerando dor durante o sexo. Outro bom motivo para praticarmos atividade física regularmente e evitarmos o tabagismo e o alcoolismo. Aliás, esse tipo de incômodo também pode ter origem na mente, como quando um trauma sexual provoca a contração involuntária da musculatura da vagina, dificultando ou impossibilitando a penetração. Essa condição é chamada de vaginismo e pode ser tratada com fisioterapia específica para a região e auxílio psicológico ou psiquiátrico.

O que uma mulher nessa situação deve fazer?

Ter uma conversa aberta com o ginecologista ou até mesmo partir para a terapia a fim de encontrar a raiz do problema e resolvê-lo. O ideal seria que todo mundo tivesse acesso à educação sexual de qualidade.

Qual a importância da masturbação nesse contexto?

Essa prática deveria preceder nossa primeira relação sexual e ser incentivada ao longo da vida, como ocorre entre muitos homens. Quebrar esse tabu é essencial para conhecer o próprio corpo e aprender a tornar o sexo mais prazeroso. E isso, sem dúvida, se reflete no comportamento e na autoestima da mulher, afastando inseguranças e depressão.

Relações sexuais oferecem algum benefício físico?

Com certeza. Durante o orgasmo, ocorre uma poderosa descarga de tensão graças à liberação de substâncias ligadas ao prazer e ao bem-estar. No entanto, basta que o sexo seja agradável para proporcionar tal efeito, aliviando dores e combatendo a insônia, o estresse e a ansiedade, que podem afetar negativamente o corpo de diversas maneiras.

 

Este texto é apenas uma reprodução da matéria disponível emhttps://saude.abril.com.br/mente-saudavel/sexo-autoestima-e-saude-da-mulher-estao-intimamente-ligados/

Foto: GI/Getty Images

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